sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O PENSAMENTO SOCIAL DOS REFORMADORES


O PENSAMENTO SOCIAL DOS REFORMADORES  


Oaidson Bezerra e Silva

         
Em comemoração aos 498 anos da reforma protestante, esse post trata sobre um dos aspectos revolucionários oriundos da reforma. Olhando para esse movimento e sua profunda influencia no mundo ocidental, não podemos deixar de agradecer a todos aqueles que entregaram suas vidas até as ultimas consequências por aquilo que acreditavam: o retorno e a submissão da igreja ao senhorio de Cristo e Sua palavra.
A reforma tem suas raízes muito antes de 1517, porém foi nessa data que Martinho Lutero afixa suas 95 teses na abadia de Westminster, dando inicio ao que conhecemos como reforma protestante. Não iremos abordar a reforma em si, mas um dos resultados práticos quando nos voltamos para as sagradas escrituras.

 Lutero fixa e suas 95 teses na abadia de Westmister

No século XV e XVI, durante o movimento que ficou conhecido como Reforma, Calvino e Lutero, nomes centrais desse movimento e considerado, por muitos, pais das igrejas protestantes atuais, escreveram sobre a questão da pobreza e o compromisso da igreja cristã ante essa problemática.
 Lutero foi o responsável pela tradução da bíblia, que antes escrita em latim, para a língua alemã, com isso influenciou a língua e literatura germânica que surgiria mais tarde. A época em que viveu foi marcada por mudanças nos setores de produção e cultivo do material de subsistência. Novos mercados surgiram, havia fabricas que produziam em escalas maiores. A exploração de minério e vidro também estava em alta. Com esse tipo de produção houve um grande acumulo de capital, que voltava para a produção, posto de empregos e assalariamento surgem, era uma espécie de pré-capitalismo. Rietch (1995) observa:
A concentração econômica nas mãos de poderosas casas comerciais – Fugger, Welser e Höchstetter estavam entre as mais destacadas – deveu-se em muito à participação direta de algumas delas no financiamento da invasão e conquista do Novo Mundo, bem como aos enormes lucros advindos do daí decorrente comércio com as colônias[1].
Martinho Lutero foi um homem que sentiu dolorosamente as contradições sociais existentes. As famosas noventa e cinco teses, afixadas na abadia de Westminster (1517), revelam, em alguns trechos, o pensamento de Lutero da responsabilidade do cristão com o próximo. A tese quadragésima terceira e quarta dizem:
                                     Deve-se ensinar aos cristãos, procede melhor quem dá aos pobres ou empresta ao necessitado do que os que compram indulgência. É que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.
Para esse reformador, todo cristão é um sacerdote, livre para viver uma vida de serviço de amor a Deus e ao próximo. A mudança social começa com a liberdade baseada na justificação alcançada pela graça, e isso mediante a fé, que resulta num compromisso real não somente com Deus, mas com a sociedade. Lutero registra, que o cristão que enxerga seu próximo padecer necessidade e gasta seu dinheiro com indulgencias atrai a ira de Deus[2].
Max Weber (1864-1920) em seu livro “A ética protestante e o Espirito do Capitalismo” explica a concepção de Lutero sobre vocação, onde todos os homens (gênero) recebe uma tarefa outorgada por Deus, que cria algo que é indiscutivelmente novo:
a valorização do cumprimento do dever nos afazeres seculares como a mais alta forma que a atividade ética do indivíduo pudesse assumir segundo e isso foi um dos principais.[3]
Ainda de acordo com Weber o pensamento dos reformadores era que a vida do cristão aceitável a Deus, não era uma vida enclausurada num ascetismo exacerbado buscando uma moralidade distante do mundo, mas uma vida onde suas obrigações consigo mesmo e com os outros fossem cabalmente cumpridas, isso era sua vocação[4].         
A educação foi outro grande instrumento de mudança social aplicado por Lutero, ele acreditava que a educação seria o melhor e o mais eficaz agente de mudança social. As noventa e cinco teses publicadas por ele, circulou em quase todas as casas da Alemanha e levou a cada grupo e família a ler e debater cada tese, levando a uma ação de educação revolucionaria para época[5]. Nesse sentido Lutero não foi somente um reformador religioso, mas um reformador religioso e social.         
Do outro lado da reforma, mas não menos importante, temos João Calvino (1509-1564). Nascido em Noyon, Genebra, foi um dos grandes nomes da Reforma. O pensamento de Calvino influenciou e continua influenciando grande parte dos cristãos protestantes de hoje. Foi, ainda, um grande transformador da realidade social de Genebra, Suíça, sua cidade natal.

João Calvino

 A cidade de Genebra, assim como outros lugares da Europa do século XVI, enfrentava um período de instabilidade. O papa e as autoridades eclesiásticas enfrentavam um grande descontentamento por parte do povo. A venda de indulgências causou revolta. A pobreza contrastava com a riqueza do clero.  
Calvino, após sua conversão, foi convidado por Farel, um dos precursores da reforma na Suíça, a ajudar nos problemas sociais que existiam naquela cidade. De acordo com Biéler (1961) Calvino foi intimado e logo começou a trabalhar no sentido trazer mudanças aquela cidade:
 Farel intimou Calvino a vir para a Suíça, dizendo que Deus iria amaldiçoá-lo se recusasse. Chegando a Genebra, vendo a miséria e a corrupção de costumes aí reinantes, organizou um consistório composto por pastores e leigos que tinha autoridade para controlar a conduta dos cidadãos: o consistório determinava o vestuário, o comportamento; proibia a bebida, o jogo e a dança. Havia uma disciplina bastante severa com o objetivo de moralizar os costumes. Foram estabelecidas rijas regras de comportamento, era proibida a vadiagem e o comerciante ficava impedido de roubar no peso, ou cobrar além do preço justo.[6].
Incentivou o trabalho, o valor da fraternidade, a ajuda aos necessitados, o descanso semanal, e vários outros. Devido sua atuação Genebra se tornou exemplo para os cristãos. Em pouco tempo a pobreza ali foi reduzida drasticamente.  O ensino foi outro ponto forte de total apoio e incentivo por Calvino, ele acreditava que todos poderiam entender melhor a bíblia se possuíssem ensino elementar, por isso fundou a Academia de Genebra, local onde pastores iriam ministrar educação aos fiéis.
A justiça social, a abolição de classes, a igualdade faziam parte das preocupações de Calvino. A organização eclesiástica de Calvino demostrava, também, seu apelo social. A igreja era dividida em pastores, doutores, presbíteros e diáconos. Os pastores ficariam conectados as questões doutrinais da igreja, os doutores a educação, os presbíteros à disciplina e os diáconos as questões sociais. O serviço diaconal, no pensamento de Calvino, volta a ser como nas paginas neotestamentárias onde o serviço de distribuir as ofertas dos mais ricos aos pobres necessitados é colocado em pratica.             
Os bens deveriam servir a todos. Quem muito possuísse deveria, por obrigação, socorrer e dar amparo aos pobres. Cabia à igreja dar suporte necessário aos pobres, órfãos, viúvas, doentes e todos necessitados, pois:
A cada passo se pode encontrar, tanto nos decretos dos sínodos, quanto nos escritores antigos, que tudo quanto a Igreja possui, seja em propriedade, seja em dinheiro, é patrimônio dos pobres[7]”. 
           
E se fosse necessário, de acordo com Calvino, os bens da igreja e até as vestes sacerdotais deveriam ser vendidas para sustento dos pobres. As transformações decorrentes da Reforma, através de Calvino e Lutero foram muito mais profundas do que relatamos acima, e pode ser tema de estudos específicos com uma gama de material histórico para tal.

Soli Deo Gloria!






[1] Rieth, Ricardo. Economia Introdução ao Assunto in: KAYSER, Ilson. Martinho Lutero Obras Selecionadas., Rio Grande do Sul, Sinodal e Concórdia Editora Ltda, 1995, pg. 367.
[2] 45ª Tese.
[3] WEBER, Max, 1864-1920, A ética protestante e o espirito do capitalismo, 2ª ed. rev., São Paulo, SP, Pioneira Thomson Learning, 2005, pg.34.
[4] Ibid. pg. 34 e 35.
[5] KEIM, Ernesto Jacob, A educação e a revolução social de Martinho Lutero, Eccos Revista Científica, vol. 12, núm. 1, São Paulo, SP, 2010, pg. 223.
[6] BIÉLER, André. O humanismo social de Calvino. São Paulo: Edições Oikoumene, 1961, pg 99.
[7] Institutas de Calvino, livro IV cap. IV item 6.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Análise da Inteligência de Cristo - Augusto Cury




Análise da Inteligência de Cristo é uma coleção do psiquiatra e escritor brasileiro Augusto Cury que tem por objetivo promover uma abordagem do lado psicológico e comportamental de Jesus com aplicação nas diversas áreas do conhecimento humano.
Sua obra, publicada em dezenas de países, é dividida em cinco livros: O Mestre dos MestresO Mestre da SensibilidadeO Mestre da VidaO Mestre do Amor e O Mestre Inesquecível.
Devido ao alcance da linguagem empregada na obra, vários psicólogos, psiquiatras e professores universitários têm recomendado a leitura dos livros da sua coleção, os quais não são lidos apenas por cristãos, mas também islamitas e budistas.
Vamos postar a série completa, um a um, fique ligado!









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domingo, 12 de junho de 2016

O Mestre do Amor



Sinopse


Este livro conta uma história de amor: amor pela vida, pela humanidade, por suas falhas e superações. Apenas uma pessoa foi capaz de levar esse sentimento às últimas conseqüências e, em nome dele, entregar-se à morte. Em O Mestre do amor, quarto livro da coleção Análise da inteligência de Cristo, Augusto Cury investiga a paixão que Jesus nutria pelo ser humano. Com uma abordagem poética – embora baseada na ciência, na história e na psicologia –, o autor faz um estudo sobre as tocantes mensagens que Jesus deixou antes de morrer na cruz. Em cada momento de dor, ele reforçava os laços com seu Pai. Sabia que o sofrimento fazia parte de seu destino e que precisava dele para completar sua missão. Refletindo sobre as reações tão generosas de Jesus, descobrimos o quanto as nossas atitudes podem ser egoístas e superficiais. Com seu exemplo, percebemos nossa tendência a superdimensionar os problemas, deixando de ver as valiosas lições que eles nos trazem. Jesus Cristo foi um homem como qualquer outro: sofreu, chorou e viveu momentos de extrema ansiedade. Apesar disso, foi perfeito na capacidade de perdoar, respeitar, compreender, ter misericórdia e dignidade. Mas, principalmente, foi brilhante na habilidade de amar, de ser líder do seu próprio mundo e de suas emoções. O maior conhecedor da alma humana estava ciente de nossas fraquezas, mas acreditava na pureza de nosso coração. Pela força de sua inabalável fé em nós, Jesus tornou-se o personagem mais importante da história.





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